MESAS-REDONDAS
MESA 01: TESSITURAS
MONSTRUOSAS DO HUMANO: DESENHOS FEMININOS DO MAL EM RADCLIFFE, SHELLEY E RICE.
Profa. Emily Lima Bispo Bomfim (ASBEC)
Profa. Francisca Júlia da Silva Soares (UFCG)
Profa. Jenicélia Duarte da Silva (UFCG)
Data e Horário: 04 de outubro de 2021, das 13h às 15h
Resumo: Gritos atordoantes, sustos agônicos
e arrepios tenebrosos assombram os mórbidos espaços literários, forjando
cenários horripilantes de onde emergem práticas assaz hediondas. Neles, os
personagens atravessam as sombrias e repugnantes zonas, experienciando intensos
e incontroláveis momentos, consigo mesmo e com os outros. A sôfrega vida de
Emily St. Aubert, em Os Mistérios de
Udolpho (1794), por Ann Radcliffe, testemunha as confissões tenebrosas
vivenciadas pela pobre órfã. A célebre Mary Shelley confabula a inumanidade em
Frankenstein (1818), narrando os feitos da criatura anônima, fabricada para o
bem, mas que se delicia das mazelas do destino. Nos mórbidos avatares do
contemporâneo, a transformação em vampiro de Louis, em Entrevista com o Vampiro (1976), redigido pela ilustre Anne Rice,
faz desenrolar a trama, apresentando a tepidez entre a eternidade e a ambição
do desejo. Desse modo, a presente mesa-redonda objetiva examinar os espaços
(mal)ditos, percorridos pelos protagonistas, investigando as máscaras
monstruosas que os revestem, bem como seus comportamentos cáusticos. Como
arsenal teórico, recorreremos a Tzvetan Todorov e as teorias psicanalíticas
desenvolvidas por Sigmund Freud.
PALAVRAS-CHAVE: Literatura Fantástica. Ann
Radcliffe. Mary Shelley. Anne Rice.
MESA 02: DA
CLEMÊNCIA FILANTRÓPICA DO DIABO AO FESTEJO MANÍACO DAS ALMAS INFERNAIS:
PARADOXOS SATÂNICOS NOS UMBRAIS DA LITERATURA MUNDIAL.
Prof. Matheus Pereira (UFPB)
Profa. Letícia Simões (UFPB)
Prof. Guilherme Ewerton (UFPB)
Data e horário: dia 05 de outubro de 2021, das 13h às 15h
Resumo: Semi-hazad,
Azazel, Belial, Asmodeu (hebreus); o Eblis (muçulmano); The Old Man (Escócia);
o Macaco de Deus (Idade Média); o Maligno, o Maldito, o Inimigo, o Tentador, o
Maldito, o Pai da Mentira, o Príncipe das Trevas, o Cão, o Arrenegado, o Beiçudo,
o Azucrim, o Porco, o Sujo, o Tição, o Coxo, o Anhangá, o Rabudo, como é
chamado no Brasil, todas essas nomenclaturas tentam, (in)falivelmente,
adjetivar uma das figuras mais emblemáticas da sociedade e subjetividade
humana, o Diabo. Desde as calendas mais antigas, tão arcaico quanto a própria
literatura, Satã é um insigne personagem literário, disperso nas mais vastas
literaturas mundiais. Dentre as grandes obras mais afamadas da Literatura, o
Demônio se encontra, ora plasmado profundamente, ora aspergido nas nuances de
muitos personagens; vários poetas e escritores cunharam os passos claudicantes,
irônicos e algozes do Anjo Caído. Cabe salientar que é nos tortuosos recônditos
da mente humana que Lúcifer (do latim, "o portador da luz") encontra refúgio
após sua mítica expulsão das esferas celestiais. E, ao fazer do imaginário dos
homens seu pandemônio, passa a inquietá-los com sua enigmática presença,
inflamando-lhes o intelecto e, por conseguinte, tornando-se o cerne de
discussões travadas não somente em âmbito religioso, mas também filosófico,
literário e artístico. Como antagonista de Deus, foi e continua sendo um
expressivo personagem literário, cinematográfico, musical, teatral etc. Quiçá,
seja essa sua maior estratégia, converter-se em ficção e nos convencer de sua
inexistência, e, assim, vagar eternamente no incauto coração dos homens. Assim,
na presente mesa-redonda, debruçar-nos-emos sobre as representações do Diabo,
em seus contornos literários, no intento de perambular pelas plagas infernais
de muitos textos, perquirindo o sabbat profano de inúmeros escritores que
ousaram urdir sobre o Capiroto.
MESA 03: MEMÓRIAS INSCRITAS, DIÁLOGOS EM REDE: PERSPECTIVAS SOBRE A LITERATURA DA AIDS.
Leandro Noronha (PPG Letras - UFMS)
Prof. Me. Maurício Anunciação (Pós-crítica - UNEB)
Data e Horário: 05 de agosto de 2021, das 19h às 21h
Inscrições: https://sigeventos.ufpb.br/eventos/login.xhtml
MEMÓRIAS DA AIDS NA POESIA
CONTEMPORÂNEA BRASILEIRA (Leandro Noronha)
Surgida no início da década de 1980, a epidemia
de HIV/aids marca presença em produções artísticas das mais variadas
expressões. Na literatura brasileira, o tema perpassa obras de Caio Fernando
Abreu, Herbert Daniel, Silviano Santiago e Bernardo Carvalho, escritores de
notória atuação na prosa de ficção. No que diz respeito a poesia, gênero ainda
pouco estudado em interface com as questões do HIV/aids, a epidemia foi
representada por diversas perspectivas, geralmente distintas do estigma e da
discriminação que há quatro décadas perpassam a temática. Partindo de poemas do
livro Tente entender o que tento dizer (Bazar do Tempo, 2018), primeira
antologia poética brasileira voltada especificamente ao HIV/aids, nossa fala
discutirá como a poesia contemporânea brasileira tem representado a epidemia ao
longo de seus 40 anos, e como o desenvolvimento do tratamento antirretroviral
contribuiu para outras figurações do vírus e da doença em nossa produção
poética.
LITERATURA NEGRO-POSITHIVA: ESCREVIVÊNCIA, ATIVISMO E ARTE
LITERÁRIA (Prof. Me. Maurício
Silva da Anunciação)
Ao longo de quatro décadas da epidemia da aids
no Brasil, há uma ausência e apagamento de corpos de mulheres negras e homens
negros vivendo com hiv/aids. Esta ausência se deve à trajetória de uma produção
literária historicamente apresentada por homens brancos. No entanto,
contemporaneamente, estudiosos e pesquisadores negros têm buscado engrenar
novas narrativas a partir da textualidade de seus corpos negros. Por isso,
buscamos através das escrev[hiv]ências criar um projeto de emancipação política
que desmonte as narrativas hegemônicas acerca dos discursos sobre a aids que
não contemplam as categorias de raça, gênero, sexualidades e classe social,
contribuindo, assim, para instituir novos lugares de fala. Com essa compreensão,
pretendo elaborar a partir da minha escrev[hiv]ência de bicha preta, periférica
e vivendo com hiv, um manifesto em defesa da vida. Não se trata somente da mera
descrição das subjetividades que permeiam um corpo-texto positivo e sim buscar,
através da escrita, forjar os espaços de produção hegemônicos e apontar como a
literatura tornou-se um importante dispositivo político no rompimento dos
discursos e estigmas acerca do hiv e da aids.
MESA 04: FLORES
FÚNEBRES VELEJAM NA BARCA INFERNAL: FIGURAÇÕES DO HORROR EM GIL VICENTE E
STHEPEN KING.
Profa. Leila Carvalho (UFPB) e Profa. Ester Albuquerque (UFPB)
Data e horário: 06 de outubro de 2021, das 13h às 15h
MESA 05: O TEATRO E AS REPRESENTAÇÕES DO MAL.
Prof. Dr. José Tonezzi (UFPB)
Dra. Paula Ludwig (UFSM)
Data e Horário: 07 de outubro de 2021, das 09h às 11h
Inscrições: https://sigeventos.ufpb.br/eventos/login.xhtml
UMA ESTÉTICA DO ESTIGMA (Prof. Dr. José Tonezzi - UFPB)
No teatro há trabalhos que apresentam a deficiência física ou distúrbios psicossociais. Para tanto, as anomalias eventualmente encontradas numa obra literária em prosa podem ser levadas à cena pela transposição da linguagem escrita para o ato semiológico da criação teatral. Prestigiados nomes da literatura abordam o assunto de maneiras diversas e, dentre eles, está o russo Nicolai Gogol. Lançaremos aqui um olhar sobre o processo de criação cênica que se deu a partir de um conto desse autor, ou seja, um espetáculo surgido na interface de um texto literário com o ato criativo de artistas da cena.
QUEM TEM MEDO DO VILÃO? O MAL QUE ENTRETÉM A PLATEIA (Dra Paula Ludwing - UFSM)
A representação do mal acompanha há muito a história da humanidade, manifestando-se de diversas maneiras. No teatro, igualmente, há uma variedade de formas, construídas não apenas na elaboração textual da dramaturgia, mas também na tessitura da cena. Entre papel e palco, emergiu a figura estereotipada do vilão dos melodramas de origem francesa, peças muito populares que atravessaram o oceano e vieram arrebatar as bilheterias dos palcos brasileiros. Esse vilão consolidou uma concepção da maldade e do antiético conforme um imaginário coletivo característico do século XIX, mas cuja repercussão foi além, cimentado um forte vínculo com seu público e encontrando eco em manifestações expressivas contemporâneas. O estudo a ser apresentado pretende lançar alguma luz acerca dos caminhos históricos que esse tipo de representação da maldade percorreu, buscando entender alguns de seus mecanismos: sua construção baseada na ideia do indivíduo e de seus anseios pessoais em detrimento do coletivo, numa época de ascensão de um novo público consumidor de obras; e sua construção como personagem elaborada em obras escritas com o objetivo de fomentar espetáculos grandiosos, em detrimento da apreciação literária. Ao fim desse percurso, a pergunta-título retorna: quem tem medo do vilão? Tentaremos descobrir!
MESA 06:
A doença, o mal e a morte: a historiografia do Homossexualismo na Literatura
brasileira e portuguesa.
Prof. Me. Arthur de
Souza (UFF)
Prof. Me. Francisco Borges (UFPA)
Poetisa Ana Paula (UFF)
Data e Horário: 07 de outubro de 2021, das 13h às 15h
Resumo: Esta mesa-redonda abordará um estudo
historiográfico de obras que ressaltaram personagens homossexuais e histórias
de homoerotismo em suas propostas, salientando para a entrada do personagem
homossexual nos escritos literários e para reflexão e compreensão de uma
literatura Homossexual, Homoerótica e gay comparando a produção literária do
Brasil com a de Portugal, no que tange a temática em questão. O estudo trará um
breve histórico e grandes nomes da literatura homoerótica e abordará autores
que trazem em suas construções poéticas o homoerotismo que nos possibilite a
reivindicação, a aceitação e a busca pelo respeito da produção literária gay em
um mundo que sofre represálias pelo preconceito e pelo entendimento errôneo do
ser homossexual, considerado doente, pecador, um mal para a sociedade, algo
inquietante e perturbador aos princípios patéticos dos bons costumes na atual
conjuntura político-social em que vivemos.
MESA 07: A NECROPOLÍTICA BRASILEIRA: O ESTADO QUE DITA QUEM VAI MORRER.
Prof. Dr. Emerson Ramos (Criminologista - UFT)
Ma. Jô Oliveira (Assistente social e vereadora CG - PCdoB)
Data e horário: 07 de outubro de 2021, das 19h às 21h
Inscrições: https://sigeventos.ufpb.br/eventos/login.xhtml
FEMINICÍDIOS DE TRAVESTI E TRANSEXUAIS (Prof. Dr. Emerson Erivan de Araújo Ramos)
Nossa discussão tratará dos sentidos de se enquadrar os assassinatos de travestis e transexuais, por motivações de gênero, como feminicídio. Para isso, serão apresentados dados extraídos de um conjunto de pesquisas, que revelam padrões de execução e o impacto social desses crimes.
MESA 08: Os males destrutivos da solidão sob os feixes de
sombra da orfandade: diálogos entre a deserção sádica e as agruras junto ao
Outro.
Prof. Thiago Guilherme (UFPB)
Profa. Dra. Wanessa Moreira (UFPB)
Prof. Me. Eider Madeiros (UFPB)
Data e horário: 08 de outubro de 2021, das 13h às 15h
Resumo: As moções intrépidas do sadismo
abalam os rincões mais obscuros de nossa subjetividade e se refletem nas
narrativas humanas através da construção da vileza de muitos personagens. Eles,
muito em sua gênese, estão estruturados pela agressividade sádica do abandono
que deriva a uma solidão originária, como se ela, em suas psiques, agisse nas
contramolas de uma defesa impiedosa, trevosa, intransigente, em direção ao
aniquilamento do outro que lhe ameaça em pressuposto. Propomos unir a
compreensão da solidão como característica avizinhada da orfandade, de modo a
perceber como são negociados os males exteriorizados por sujeitos ficcionais
vilões..